As enchentes vividas pelo Rio Grande do Sul, em maio de 2024, mostram que a destruição do planeta perpetrada pelo humano já cobra a sua dívida. Vivemos algo histórico, como prenúncio do que será a vida “normal” se não mudarmos nossos hábitos, nossa forma de viver, de consumir e de se relacionar.

Árvores não são madeiras. Animais e pessoas não são mercadorias. 

Além das mortes, das perdas materiais, das perdas de memórias afetivas, das perdas de referências, testemunhamos a solidariedade, a busca coletiva para salvar vidas, salvar a humanidade. Um empuxo a sermos mais do que um ajuntamento de indivíduos desconectados que disputam entre si. Vimos, com esperança, o retorno das comunidades, do viver junto, do coletivo se reconstruindo. Por outro lado, testemunhamos o capitalismo na sua face mais perversa, quando empresas utilizam a dor alheia e a decomposição estatal para fazer auto propaganda disfarçada de bondade.

No dia 3 de junho de 2024, o Museu das Memórias (𝘐𝘯)Possíveis realizou um evento intitulado Traga seu Fragmento. Neste momento convidou todas as pessoas que se sentissem compelidas a trazerem seus testemunhos, fragmentos de testemunhos, palavras, objetos, fotos, imagens, leitura de poemas ou escritas… o que conseguissem naquele momento. 

Sabemos que muitos se sentiam (ou ainda se sentem) impossibilitados de falar e compartilhar experiências deste período de tempo terrível que vivemos. Nós mesmos, que constituímos este Museu, nos sentimos assim. Por isso, passado um ano do início das enchentes no RS, abrimos um novo espaço de recepção de novos testemunhos deste tempo, numa aposta pela palavra como forma de abertura para o novo e a aposta numa possibilidade de saída do trauma.

Quer participar? Entre aqui!

Fotografia: André Oliveira Costa