Apesar de sabermos que houve uma ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1985) – por não ter ocorrido julgamentos, responsabilizações e uma inscrição efetiva na cultura brasileira dos crimes perpetrados pelos militares, civis e empresas financiadoras do golpe -, os afetados por tais crimes seguem presos em um tempo passado. Sofrem no corpo, em doenças, em pesadelos, em lembranças, em sintomas. Encarnam e pagam individualmente a injustiça de um país que prefere sempre esquecer seus crimes.
Torturas, estupros, desaparecimentos/assassinatos, covas irregulares, roubo de bebês, crianças e adolescentes de filhos de ativistas políticos, genocídio indígena, etnocídios… os crimes perpetrados pelos militares durante a ditadura não são exatamente novidades, mas, mesmo assim, não conseguem alcançar uma inscrição na cultura, por não terem ocorrido julgamentos dos crimes. A anistia foi concedida para os dois lados, como se fossem equivalentes. A falta de inscrição desses crimes faz com que vítima e algoz ocupem o mesmo lugar simbólico, o que gera o adoecimento psíquico das vítimas e a desresponsabilização dos criminosos.
O testemunho vem esburacar essa falsa simetria e mostrar, um a um, as experiencias e os sofrimentos vividos e transmitidos. Seja na própria carne, seja na transmissão familiar.
O Museu das Memórias (In)Possíveis, numa aposta pela resistência, transformação política e inscrição traz aqui o Projeto Testemunhos da ditadura empresarial-militar brasileira. Espaço que estará sempre aberto para a recepção e construção de novos testemunhos. Testemunhos de afetados diretos, de parentes, amigos, filhos, netos, companheiros(as), e de quaisquer pessoas que se sintam afetadas pela ditadura da forma que for.
Deixamos os vídeos em estado bruto, sem edições significativas, para que virem fonte de pesquisa.
Conheça a mostra aqui
Participe! Contato através do e-mail: contato@museuappoa.org