“Hoje vivo na angústia de não saber quem eu sou, quantos anos eu tenho, e sequer saber quem foram ou quem são os meus pais. Saber onde se encontra a minha verdadeira família. Todos se negam terminantemente a falar sobre esse assunto. Só desejo saber quem sou, e onde está a minha família. Acredito que esse direito eu tenho, depois de sofrer tantos anos, tantas humilhações. Hoje eu só sei que sou um ser humano que nada sabe sobre seus pais. Que jamais poderei sentir o colo da minha mãe e o carinho do meu pai. Eu desejo só a Justiça; saber a minha verdade... O que me fere é que de repente fiquei sem nada. Sem família de mentira e sem ter o direito de saber qual é a minha verdadeira família. Sempre me tiraram tudo, e desde 2013 me tiraram até o que eu pensava que fosse”. (Rosângela, Cativeiro sem Fim, p. 210)
Eduardo Reina fala sobre Rosângela
“Eu tenho versões que a minha mãe foi uma prostituta, uma baderneira, uma agitadora, uma subversiva. E ninguém fala absolutamente nada. Todos os familiares me bloquearam e não dizem nada”. (Rosângela, Cativeiro sem Fim, p. 239)
 Violência e abusos sexuais
 Rosângela, ainda menor de idade, foi obrigada pela mãe sequestradora, Nilza da Silva Serra, a se prostituir com Wilson Rodrigues. Na época, Wilson era casado com outra mulher e se relacionava com Rosângela em troca de dinheiro que ia diretamente para Nilza. Wilson era 40 anos mais velho que Rosângela. A menina não sentia que tinha escolha, sentia-se obrigada a permanecer nesta relação porque sua família supostamente adotiva a obrigava. Wilson casou com Rosângela, quando esta, supostamente, fez 18 anos. Continuou pagando para Nilza um valor em dinheiro para manter a relação. Rosângela era constantemente estuprada, humilhada e espancada pelo marido.
 Dentre as diversas violências físicas e psicológicas que Wilson submeteu Rosângela, a enganou dizendo que tinha um câncer para que médicos removessem seu útero (sem seu conhecimento ou consentimento) e não pudesse mais engravidar, tentou assassiná-la com veneno quando pediu o divórcio, após o divórcio, deixou ela e as filhas na pobreza.
 Rosângela só pôde se divorciar quando a mãe sequestradora, em seu leito de morte, lhe disse expressamente que agora poderia se separar. No entanto, teve que assinar um documento para não receber nenhuma pensão e abrir mão de seus direitos sob a ameaça de perder a guarda das filhas.
 Depois do divórcio, Rosângela e as filhas se mudaram para Curitiba e viveram com muita dificuldade com o trabalho de Rosângela. Apesar de todas as dificuldades financeiras e trabalho precarizado e uma vida de traumas, Rosângela conseguiu formar as duas filhas na faculdade.