Eduardo Reina conta sobre seu encontro com Iracema
“É muito forte o que tenho que dizer. Mas é a minha verdade. Fui presa junto com minha mãe. Não aguentei ver ela apanhando dos homens que nos levaram para o DOI-CODI no Recife. Fui torturada. Levei choque. Machucaram meu olho. Sofri muito. Minha dor é ver como podem fazer isso com as pessoas que não sabem nem o que estão fazendo. Depois me deixaram dentro de um saco infecto de cebola, um saco de estopa. Sem roupa, sangrando, na praça do Derby, em Recife. Fiquei com um casal que me ajudou a recuperar. E minha mãe nunca mais eu vi” Iracema desabafa, durante conversa num apartamento no bairro de Pinheiros, em São Paulo. (Cativeiro sem Fim, p. 199)
Iracema não tinha nenhum documento de identidade. Contava os anos de vida com base na data de aniversário que lembrava ter.