Imagine que um dia você descobrisse que seus pais não são os seus pais, o seu nome não é o seu nome e a história que lhe contaram a sua vida toda é fundada numa mentira. Mas, muito mais que isso, descobrisse que aqueles que você chama de pai, de mãe estiveram envolvidos no assassinato ou desaparecimento de seus pais biológicos.
O que você sentiria? O que restaria de você? Em quem você confiaria? Poderia confiar novamente? Onde você se agarraria para manter algo de si?
Em 2019, o jornalista Eduardo Reina publicou o livro Cativeiro sem Fim: as histórias de bebês, crianças e adolescentes sequestrados pela ditadura militar no Brasil. Neste livro, Eduardo prova com uma pesquisa exaustiva e de fôlego que o sequestro de crianças não era uma exceção na ditadura militar brasileira, mas um método, uma regra.
Eduardo nos conta que no Brasil, diferentemente de outros países da América Latina, são os filhos que procuram os pais e não os pais que procuram os filhos, seja porque foram assassinados, seja porque ainda têm medo dos militares, seja porque estão traumatizados.
Os efeitos traumáticos destas violências são devastadores. Sabemos o quanto a lógica da filiação é estruturante na constituição psíquica dos sujeitos. Portanto, romper esses laços da forma cruel como revelam as histórias de sequestros de crianças, é condenar essas pessoas a lugar nenhum, a lugares vazios.
Como é para esses pais terem os filhos sequestrados pelos seus torturadores? Como é para os filhos descobrirem que seus pais “adotivos” são os torturadores ou assassinos dos pais biológicos ou têm relações com estes criminosos? Onde estão esses filhos? Onde estão esses pais? Quem são?
18/09/2023 (segunda-feira), às 20s
Inscrição: appoa@appoa.org.br
Evento online e gratuito mediante inscrição – plataforma zoom
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